O Papel e atribuições do coordenador pedagógico dentro da escola
Dentro das inúmeras mudanças que ocorrem na sociedade atual, de ordem econômica, política,social, ideológica, a escola, como instituição de ensino e de práticas pedagógicas, enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente às exigências que surgem. Assim, os profissionais, que nela trabalham, precisam estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada vez mais ampla, promovendo o desenvolvimento das capacidades desses sujeitos.
Para tanto, torna-se necessária a presença de um coordenador pedagógico consciente de seu papel, da importância de sua formação continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre pais, alunos, professores e direção. De acordo com o Regimento Escolar, Artigo nº. 129/2006-Resolução CEE/TO, "a função de coordenação pedagógica é o suporte que gerencia, coordena e supervisiona todas as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre à permanência do aluno com sucesso."
Já segundo Clementi (apud Almeida), cabe ao coordenador "acompanhar o projeto pedagógico, formar professores, partilhar suas ações, também é importante que compreenda as reais relações dessa posição." Partindo desse pressuposto, podem-se identificar as funções formadora, articuladora e transformadora do papel desse profissional no ambiente escolar.
Considerando a função formadora, o coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo do grupo para qualificação continuada desses sujeitos.Consequentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes.
Assim, muitos formadores encontram na reflexão da ação, momentos riquíssimos para a formação. Isso acontece à medida que professores e coordenadores agem conjuntamente observando, discutindo e planejando, vencendo as dificuldades, expectativas e necessidades, requerendo momentos individuais e coletivos entre os membros do grupo, atingindo aos objetivos desejados. As relações interpessoais permeiam a prática do coordenador que precisa articular as instâncias escola e família sabendo ouvir, olhar e falar a todos que buscam a sua atenção.
Conforme Almeida(2003), na formação docente, "é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades", sabendo reconhecer e conhecer essas necessidades propiciando subsídios necessários à atuação.Assim, a relação entre professor e coordenador, à medida que se estreita e ambos crescem em sentido prático e teórico(práxis), concebe a confiança, o respeito entre a equipe e favorece a constituição como pessoas.
Na parceria escola X família, esse profissional é requerido para estreitar esses laços e mantê-los em prol da formação efetiva dos educandos à medida que cada instância assuma seu papel social diante desse ato indispensável e intransponível.
Como ressalta Alves(apud Reis,2008) "homens que através de sua ação transformadora se transformam. É neste processo que os homens produzem conhecimentos, sejam os mais singelos, sejam os mais sofisticados, sejam aqueles que resolvem um problema cotidiano, sejam os que criam teorias explicativas."
Assim, é papel do coordenador favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar, promovendo mudanças atitudinais, procedimentais e conceituais nos indivíduos.
Os órgãos colegiados são espaços que proporcionam essa formação à medida que a participação, o compromisso e o protagonismo de seus componentes, pais, alunos, professores, coordenação e direção, ocasionem transformações significativas nesse ambiente.Cabe ao coordenador atuar coletivamente e visualizar esses espaços como oportunidades para o desempenho das suas funções.
Apesar das inúmeras responsabilidades desse profissional já descritas e analisadas aqui, o coordenador pedagógico enfrenta outros conflitos no espaço escolar, tais como tarefas de ordem burocrática, disciplinar, organizacional.
Assumir esse cargo é sinônimo de enfrentamentos e atendimentos diários a pais, funcionários, professores, além da responsabilidade de incentivo a promoção do projeto pedagógico, necessidade de manter a própria formação, independente da instituição e de cursos específicos, correndo o perigo de cair no desânimo e comodismo e fatores de ordem pessoal que podem interferir em sua prática.
Muitas vezes, a escola e o coordenador se questionam quanto à necessidade desse profissional e chegam à conclusão que esse sujeito pode promover significativas mudanças, pois esse trabalha com formação e informação dos docentes, principalmente.O espaço escolar é dinâmico e a reflexão é fundamental a superação de obstáculos, socialização de experiências e fortalecimento das relações interpessoais.
O coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade.
Fonte: Ensinando com Carinho
Educar é semear com sabedoria e colher com paciência...
AS MÃES ESTRAGAM AS CRIANÇAS, SIM!
O papel da mãe na sociedade se torna muito especial principalmente quando se tem que tomar posições ora permissiva ora impeditiva, ora parceiras, ora adversárias. Sendo assim passiveis a erros e reconstrução destes a cada instante, vale mais a pena lidar com o sentimento materno do que a lógica matemática, parece errar menos ou acertar mais... sendo assim nós mães em imperativo, estragamos as crianças, sim!
Pró Helô
... mas nós adoramos que elas sejam assim! Leia mais uma crônica de Eduardo Sá.
(Advertência: Este texto não deve ser lido por todas as pessoas! É exclusivo e recomendado só para aquelas que serão, muito provavelmente, as melhores mães do mundo.)
Não, não é verdade que as mães sejam serenas, macias e bucólicas, quase sempre. E que, seja diante do que for, reajam num tom ameno, almofadado e cheio de açúcar, sem sequer gritarem, esbracejarem e esconjurarem todos os descuidos que, sempre que elas são dedicadas e atentas, abundam numa casa. As mães saudáveis têm o direito (milenar!) a esganiçar-se, sim senhora! (Aliás, mães esganiçadas são um patrimônio imaterial da Humanidade; como se sabe.) E têm o direito a ameaçar que, um dia, se vão embora e “aí sim, vocês vão ver a falta que vos faço!”. E por mais que não esperem que ninguém as leve a sério, como é óbvio, agradeciam que toda a gente da família ficasse, pelo menos, em... estado de choque (!!!) diante de um grito como esse, em vez de permanecer em silêncio – entre o divertido e uma atitude do gênero: “Ela fica tão gira quando está com mau gênio!” – como se nada, na gritaria duma mãe, valesse para o que quer que fosse! Aliás, as mães (saudáveis, é claro) estão fartas e saturadas da sua função de mãe nunca ter nem domingos nem feriados! Nem ser considerada para efeitos de reforma, de banco de horas – a reverter em seu favor, aos fins de semana - ou com mais dias de férias, como devia ser!
Afinal, quem é que levanta as crianças, todos os dias, e se dispõe ao papel (maléfico!) de as proibir de dormir mais cinco minutos, e se esgadanha contra os seus dedos papudos que reclamam “mais desenhos animados já!”? E quem é que as apressa a vestir e as obriga a engolir o pequeno almoço, quase sem respirar? E quem é que as intima a lavar os dentes (depressa!), antes de as ameaçar que vão de cuecas para a escola se não descerem (a correr!) para o carro para que, depois de esbracejarem contra o trânsito, irem numa correria deixar a miudagem, que cansa, só de ver? E quem é que deve sofrer de dupla personalidade e, depois dos ataques de nervos de todas as manhãs, passa da fúria de leoa à maior de todas as ternuras e pespega um beijo inimitável, e dá um sorriso cheio de luz, e abraça, e diz “a mãe ama-te tanto!!!!”, enquanto aconchega os caracóis, e chama “príncipes” e “princesas” a crianças normais e ensonadas? As mães!
E quem é que sai mais cedo do trabalho e, cidade acima/cidade baixo, anda numa “roda viva” entre a escola, a piscina, o inglês, o futebol e a música, e transforma o porta-bagagens dum automóvel numa parafernália de mochilas, flautas, chuteiras, lanches, touca, toalha e óculos, e ainda tem tempo para as perguntas mais tolas que só as pessoas bondosas conseguem fazer (como, por exemplo: “ Como é que correu a escola?” ou “O que foi o almoço”) e – oh canseira! – fica parecida com a Cruela sempre que uma criança responde: “correu bem” ou “não me lembro”?... As mães!
E quem é que, depois do trabalho, barafusta o tempo todo contra os trabalhos de casa mas que, ainda assim, franze a sobrancelha e – com um orgulho mal disfarçado – diz, num tom solene mas, todavia, aconchegado: “Eu não sei como é... Se eu não estiver sempre ali ao pé, ele não faz nada!...”? As mães?
E quem é que tem a mania de dizer: “O meu filho não gosta de ser contrariado!” para justificar as 200 vezes que se chama uma criança para saltar para o banho, as outras 200 que são precisas para a convencer a deixar os desenhos animados para vir jantar, não esquecendo mais 200 suplementares em que repete, devagarinho: “Come a sopa!” e acaba a ribombar: “Despachas-te ou não?...” antes de lhe dizer: “Abre lá essa boca, já!” (enquanto despeja as últimas colheres de sopa pelas goelas dum filho)? As mães!
E quem é que, diante do lado mais demagógico duma criança (quando diz “Eu não sei” ou – “à Calimero” – se lamenta: “Eu não faço nada bem feito”) começa devagarinho: “Oh, meu pequenino: não sejas pateta... Vá... A mãe gosta tanto de ti!...” e, quando os interessados esperariam que em direitos adquiridos nunca se mexesse, e insistem só com mais um “não sou capaz” (é só mais um...) acaba a berrar, num tom amigo dos trovões: “Mas onde é que tu tens a cabeça?...” As mães!
E quem é que faz o jantar, e tem a mania de achar que a sopa é importante, e que o peixe torna as crianças inteligentes, e que os vegetais fazem os meninos crescer, e as cenouras tornam os olhos bonitos, e as batatas fritas não prestam, e que a Coca-Cola torna as crianças mais redondinhas, e que o açúcar faz cair os dentes, e não deixa comer bolachas antes do jantar, nem pizza dia sim/dia sim? As mães!
E quem é que, enquanto apanha os brinquedos que se atropelam pelo chão, mais a roupa que se amontoa na cadeira, mais a outra que se escondeu, (por iniciativa própria, logo se vê...) atrás do armário, e fiscaliza a mochila e os cadernos, e põe a roupa, esticadinha, para o dia que lá vem, e descobre pacotes de leite vazio onde não deviam estar, e embalagens de bolachas que – vá lá saber-se porquê – se refugiam no quarto das crianças, e enquanto arruma tudo, um dia atrás do outro, repete e repete e repete: “Mas será que tu nunca arrumas nada, é?..” E quem é que nos seus piores dias de arrumadeira, pergunta, com um desvario quase sindical: “Mas achas que há empregadas cá em casa, é?...” As mães!
E quem é que vai à escola e, enquanto conversa com as outras mães sobre os caprichos das crianças (como se fossem toques muito pessoais que a personalidade “muito vincada” de cada uma as leva a ter) se prepara para ser repreendida, por alguns professores, e tem de ouvir: “ Mas... está tudo bem lá por casa?” (sempre que as crianças acham enfadonhas muitas aulas, por exemplo) ou, nas alturas de pior karma, é advertida para a necessidade de dar mais apoio à pequenada “porque eu tenho 28 alunos e não chego para tudo?...” As mães!
E quem é que não perde a compostura e, antes de fingir que deita os olhos para a televisão, enquanto pestaneja, ainda se esparrama na cama e conta histórias e, para se desintoxicar do papel de “chata oficial lá de casa”, sente que aqueles minutos de namoro, antes do sono, são os únicos em que não tem de ser mandona e refilona e tudo o mais que toda a gente espera que só as mães consigam ser e, quando dá conta, adormeceu, mais outra vez, na cama de um dos filhos, e é repreendida (e muito bem...) por esse desvario? As mães, claro.
Mas, afinal, o que é querem mais das mães? Que elas não se esgotem? Que não exijam ter o direito a ser mimadas e, por mais que ninguém diga isso, que queiram, pelo menos, mais um miligrama de amor e outro de carinho do que aqueles que as crianças dão ao pai? E que não sejam vaidosas? E que sejam discretas e se anulem com se o aquilo que mais desejassem é que ninguém desse por elas?
Por isso mesmo, que em relação a tudo o resto seja “ano nova, vida nova”, ainda vá. Mas em relação ao jeito muito especial de todas as mães eu espero é que nada deixe de ser como é. É claro que ninguém tem dúvidas que as mães “estragam” as crianças, sim! Mas que não haja quem ouse imaginar que as queremos doutro modo. Nós – os filhos, os pais e os avós, todos juntos, adoramos – no fundo – que elas sejam assim!
Repletas de necessidades
Crianças superdotadas também precisam de atendimento especializado. Saiba como agir com esse público
por: Cinthia Rodrigues
Agosto de 2009
ATENÇÃO AO CUBO Beatriz, Laura Helena e Daniele são alunas de Lucyana, em Brasília, e exigem muito mais dela. Foto: Cristiano Mariz
Trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Primeiro: esses estudantes, também chamados de superdotados, não são gênios com capacidades raras em tudo - só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas. Segundo: o fato de eles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor. Ao contrário, eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento - se não, podem até se evadir.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que pelo menos 5% da população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano passado, haviam sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais qualificado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados. Apesar de ainda pouco estruturados, esses órgãos que têm o papel de auxiliar as escolas quando elas reconhecem alunos com esse perfil em suas salas de aula (saiba como buscar ajuda no quadro abaixo).
No Distrito Federal, tal serviço existe desde 1976 - razão pela qual a identificação de jovens com altas habilidades, embora ainda pequena, seja a maior do país. "Aprendi na prática que a superdotação é democrática e pode ocorrer em qualquer aluno, em qualquer local ou classe social e até naquele com alguma limitação física ou psíquica", afirma a atual coordenadora do projeto no Distrito Federal, Olzeni Leite Costa Ribeiro.
Assim como os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência, os que têm altas habilidades precisam de uma flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser incluído na rede regular de ensino. "O que devemos oferecer a eles são desafios", resume a presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação, Susana Graciela Pérez Barrera Pérez.
Onde buscar ajuda
O superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no desempenho e no interesse muito maiores por um determinado assunto.
O professor deve desconfiar de estudantes com vocabulário avançado, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de rotina. O Ministério da Educação montou um formulário com 24 frases que ajudam a identificar estudantes assim (confira a lista no quadro "Como identificar a superdotação"). Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado.
Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa oficial de estímulo, com atividades extraclasse e orientações para o professor e a família. Instituições não governamentais também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para desenvolver talentos. Alguns exemplos são oInstituto Rogério Sternberg, no Rio de Janeiro, e oNúcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da Universidade Federal do Paraná.
Trabalho requer estratégias diversificadas e apoio externo
A professora Lucyana de Araújo Domingues de Andrade tem três superdotadas entre seus 35 alunos da Escola Classe 106 Norte, em Brasília. Beatriz foi identificada com altas habilidades em artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em conhecimentos gerais reconhecida quando estava na 2ª. E, este ano, Lucyana percebeu que Daniele tem interesse e capacidade acima da média em todas as disciplinas. Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede pública, as meninas têm acesso duas vezes por semana a atividades de estímulo no contraturno, o que não significa que deem mais sossego à professora.
"São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os colegas", diz. Segundo ela, Beatriz chama a atenção quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos. "Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas", diz. Para mantê-las instigadas, Lucyana chega a dar quatro atividades a mais.
Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as questões, pensem como ficaria a conta se houvesse uma promoção ou quais produtos um cliente teria de deixar de comprar se tivesse menos dinheiro do que o valor final. Em Português, todos leram a fábula A Cigarra e a Formiga, de La Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens - e as meninas com altas habilidades foram além. "Perguntei se hoje a cigarra poderia ganhar dinheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais."
Lucyana também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm menor nível de conhecimento. "Às vezes, por explicar com a mesma linguagem infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, percebem que cada um tem uma maneira de aprender", diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de livros, para ser lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes que os outros. "A maioria pega os exemplares mais ilustrados para folhear. Elas não: leem livros que seriam para crianças mais velhas", conta.
Os superdotados não são iguais e se dividem em vários perfis
Especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comportados (leia mais no quadro abaixo) e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:
- Capacidade Intelectual Geral
Crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória elevadas, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder de observação.
- Aptidão Acadêmica Específica Nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.
- Pensamento Criativo Aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.
- Capacidade de Liderança Alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.
- Talento Especial para Artes Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.
- Capacidade Psicomotora A marca desses estudantes é o desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa.
Mau comportamento pode ser sinal
O histórico escolar de Louis Pasteur, Albert Einstein, Walt Disney e Isaac Newton costuma chocar quem espera um comportamento "exemplar". O francês responsável pelas primeiras vacinas era mau aluno, especialmente em Química. O alemão que elaborou a Teoria da Relatividade fugia das aulas de Matemática. O americano que criou um império do entretenimento foi reprovado em Arte. E, durante a infância, o cientista inglês que primeiro percebeu a gravidade teve de ser educado pela mãe porque foi expulso da escola. Hoje, ninguém duvida de que os quatro eram superdotados, o que ajuda a entender que nem sempre alunos assim são os mais interessados e bem comportados em sala de aula.
O estudante com altas habilidades costuma ter um interesse tão grande por uma das disciplinas que acaba negligenciando as demais. A facilidade de expressar-se, por exemplo, pode ser usada para desafiar o professor e os colegas. Mesmo os mais aplicados dificultam a aula ao monopolizar a atenção. Muitos não querem trabalhar em grupo por não entender o ritmo "mais lento" dos colegas. A descoberta das altas habilidades é o primeiro passo para melhorar esses comportamentos. Primeiro, porque muda o olhar do professor. E também porque o próprio jovem passa a aceitar melhor as diferenças.
Diagnóstico é complexo e depende da atenção do docente
INTERESSE ESPECÍFICO Antes disperso, hoje Guilherme usa seu dote nas artes para ilustrar explicações coletivas. Foto: Edi Vasconcelos
Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso."
Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes (veja foto acima).
Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela.
Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos."
Como identificar a superdotação
Está nas bancas, por 4,90 reais, a edição especial de NOVA ESCOLA sobre Inclusão. A revista traz reportagens sobre as deficiências e 15 planos de aula. Foto: Reprodução
Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16 .Tem bom julgamento, é lógico.
17. É flexível e aberto.
18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
Reportagem sugerida por seis leitores: Edilene Neves da Silva Dourado, São Paulo, SP, Eusilene Lisboa Azevedo, Belém, PA, Leila Aparecida de Oliveira Barros Cardoso, Campo Grande, MS, Ricardo Mello, Guará, DF, Vanessa Correa dos Santos, São José dos Campos, SP, e Vanessa Moreno Marques, Araras, SP
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CONTATOS
BIBLIOGRAFIA
Educação Especial: em Direção à Educação Inclusiva, Claus Dieter Stobäus e Juan José Mouriño Mosquera, 274 págs., Edipucrs, tel. (51) 3320-3711, 24 reais
INTERNET TextoAltas Habilidade/Superdotação: Encorajando Potenciais, de Angela M. R. Virgolim
Trabalho requer estratégias diversificadas e apoio externo
A professora Lucyana de Araújo Domingues de Andrade tem três superdotadas entre seus 35 alunos da Escola Classe 106 Norte, em Brasília. Beatriz foi identificada com altas habilidades em artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em conhecimentos gerais reconhecida quando estava na 2ª. E, este ano, Lucyana percebeu que Daniele tem interesse e capacidade acima da média em todas as disciplinas. Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede pública, as meninas têm acesso duas vezes por semana a atividades de estímulo no contraturno, o que não significa que deem mais sossego à professora.
"São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os colegas", diz. Segundo ela, Beatriz chama a atenção quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos. "Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas", diz. Para mantê-las instigadas, Lucyana chega a dar quatro atividades a mais.
Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as questões, pensem como ficaria a conta se houvesse uma promoção ou quais produtos um cliente teria de deixar de comprar se tivesse menos dinheiro do que o valor final. Em Português, todos leram a fábula A Cigarra e a Formiga, de La Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens - e as meninas com altas habilidades foram além. "Perguntei se hoje a cigarra poderia ganhar dinheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais."
Lucyana também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm menor nível de conhecimento. "Às vezes, por explicar com a mesma linguagem infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, percebem que cada um tem uma maneira de aprender", diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de livros, para ser lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes que os outros. "A maioria pega os exemplares mais ilustrados para folhear. Elas não: leem livros que seriam para crianças mais velhas", conta.
Os superdotados não são iguais e se dividem em vários perfis
Especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comportados (leia mais no quadro abaixo) e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:
- Capacidade Intelectual Geral
Crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória elevadas, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder de observação.
- Aptidão Acadêmica Específica Nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.
- Pensamento Criativo Aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.
- Capacidade de Liderança Alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.
- Talento Especial para Artes Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.
- Capacidade Psicomotora A marca desses estudantes é o desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa.
Mau comportamento pode ser sinal
O histórico escolar de Louis Pasteur, Albert Einstein, Walt Disney e Isaac Newton costuma chocar quem espera um comportamento "exemplar". O francês responsável pelas primeiras vacinas era mau aluno, especialmente em Química. O alemão que elaborou a Teoria da Relatividade fugia das aulas de Matemática. O americano que criou um império do entretenimento foi reprovado em Arte. E, durante a infância, o cientista inglês que primeiro percebeu a gravidade teve de ser educado pela mãe porque foi expulso da escola. Hoje, ninguém duvida de que os quatro eram superdotados, o que ajuda a entender que nem sempre alunos assim são os mais interessados e bem comportados em sala de aula.
O estudante com altas habilidades costuma ter um interesse tão grande por uma das disciplinas que acaba negligenciando as demais. A facilidade de expressar-se, por exemplo, pode ser usada para desafiar o professor e os colegas. Mesmo os mais aplicados dificultam a aula ao monopolizar a atenção. Muitos não querem trabalhar em grupo por não entender o ritmo "mais lento" dos colegas. A descoberta das altas habilidades é o primeiro passo para melhorar esses comportamentos. Primeiro, porque muda o olhar do professor. E também porque o próprio jovem passa a aceitar melhor as diferenças.
Diagnóstico é complexo e depende da atenção do docente
INTERESSE ESPECÍFICO Antes disperso, hoje Guilherme usa seu dote nas artes para ilustrar explicações coletivas. Foto: Edi Vasconcelos
Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso."
Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes (veja foto acima).
Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela.
Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos."
Como identificar a superdotação
Está nas bancas, por 4,90 reais, a edição especial de NOVA ESCOLA sobre Inclusão. A revista traz reportagens sobre as deficiências e 15 planos de aula. Foto: Reprodução
Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16 .Tem bom julgamento, é lógico.
17. É flexível e aberto.
18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
Reportagem sugerida por seis leitores: Edilene Neves da Silva Dourado, São Paulo, SP, Eusilene Lisboa Azevedo, Belém, PA, Leila Aparecida de Oliveira Barros Cardoso, Campo Grande, MS, Ricardo Mello, Guará, DF, Vanessa Correa dos Santos, São José dos Campos, SP, e Vanessa Moreno Marques, Araras, SP
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CONTATOS
- EE Odylo de Brito Ramos, Av. Gibraltar, s/n, 64077-450, Teresina, PI, tel. (86) 4141-1146
- Escola Classe 106 Norte, SQN 106 Norte, 70742-000, Brasília, DF,tel. (61) 3901-7520
Susana Graciela Pérez Barrera Pérez
Educação Especial: em Direção à Educação Inclusiva, Claus Dieter Stobäus e Juan José Mouriño Mosquera, 274 págs., Edipucrs, tel. (51) 3320-3711, 24 reais
INTERNET TextoAltas Habilidade/Superdotação: Encorajando Potenciais, de Angela M. R. Virgolim
Eta soninho bom!
Crianças de creche e pré-escola precisam de um local tranqüilo e confortável para dormir, repor as energias e voltar a brincar
Por: Cristiane Marangon e Alice Cruz
Abril de 2007
DORMIR PARA CRESCER Durante o repouso
são liberados hormônios essenciais ao
desenvolvimento. Fotos: Gustavo Lourenção
são liberados hormônios essenciais ao
desenvolvimento. Fotos: Gustavo Lourenção
O almoço da turminha de 3 anos no Centro de Educação Infantil Bryan Biguinati, em São Paulo, acontece diariamente às 11 horas. Logo em seguida, enquanto uma professora organiza a fila na porta do banheiro e põe pasta na escova de dentes dos pequenos, outra espalha os colchões pelo chão da sala. O ambiente está quase pronto. Depois de fazer o xixi e a higiene bucal, cada um vai para a própria caminha. A rotina muda com os de 4 e 5 anos. Como não querem perder um só minuto de brincadeira, eles resistem a esse hábito. Para que descansem assim mesmo, são convidados a fazer atividades mais tranqüilas, como manusear livros e desenhar. Os que sentem vontade de tirar uma sonequinha encontram colchões disponíveis em um dos cantos.
A regra muda em cada escola de Educação Infantil. Em algumas, a hora de repousar vale para todos, sem exceção! Em outras, o que manda é a necessidade de cada criança. Umas vão para os berços, outras para os colchonetes.
Nesse panorama tão variado, o que se destaca de maneira comum, no entanto, é a falta de formação e informação do professor, que, em grande parte das creches e pré-escolas, não conta nem mesmo com o tema dentro das diretrizes pedagógicas. " Isso deveria fazer parte das preocupações de qualquer profissional encarregado de cuidar de uma criança e educá-la", diz Magda Rezende, coordenadora do grupo de pesquisas Cuidado à Saúde Infantil, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
O sono é importante para a aprendizagem, para a regulação da emoção e para o crescimento, além de ser uma necessidade fisiológica. Quando uma criança adormece, é porque está realmente precisando. O hormônio somatotrópico, também conhecido como hormônio do crescimento, é liberado durante o dia todo, mais ou menos a cada duas horas. Porém, é durante o sono mais profundo que ele é liberado em uma quantidade tão grande que estimula o desenvolvimento das células e a deposição de cartilagem nas regiões de crescimento.
Nesse panorama tão variado, o que se destaca de maneira comum, no entanto, é a falta de formação e informação do professor, que, em grande parte das creches e pré-escolas, não conta nem mesmo com o tema dentro das diretrizes pedagógicas. " Isso deveria fazer parte das preocupações de qualquer profissional encarregado de cuidar de uma criança e educá-la", diz Magda Rezende, coordenadora do grupo de pesquisas Cuidado à Saúde Infantil, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
O sono é importante para a aprendizagem, para a regulação da emoção e para o crescimento, além de ser uma necessidade fisiológica. Quando uma criança adormece, é porque está realmente precisando. O hormônio somatotrópico, também conhecido como hormônio do crescimento, é liberado durante o dia todo, mais ou menos a cada duas horas. Porém, é durante o sono mais profundo que ele é liberado em uma quantidade tão grande que estimula o desenvolvimento das células e a deposição de cartilagem nas regiões de crescimento.
Pais viram alunos
GRANDES COMPANHEIROS Bichos de pelúcia e outros brinquedos dão segurança na hora do descanso
Além de cuidar da soneca das crianças durante o período escolar, é também função da equipe compartilhar o que sabe com os pais e responsáveis. "Logo no primeiro contato com a família, é importante investigar como os filhos dormem", diz Katia Chedid, orientadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Alteração de humor, dificuldade de socialização e atraso na fala e no crescimento são sinais de alerta para aprofundar a investigação. Esses problemas podem estar relacionados a noites maldormidas. Nesses casos, um neuropediatra deve ser consultado.
Outra informação que você poderá passar aos responsáveis é que o sono é um mecanismo fisiológico que pode ser ensinado. Há crianças que não precisam de nenhum ritual para adormecer. Marcia Pradella, médica responsável pelo setor de pediatria do Instituto do Sono, em São Paulo, defende que os bebês a partir de 5 meses de vida têm capacidade de dormir sem a ajuda dos adultos. "É melhor que se aprenda bem cedo para, na adolescência ou na vida adulta, não necessitar de recursos como a TV ou mesmo medicamentos."
Outra informação que você poderá passar aos responsáveis é que o sono é um mecanismo fisiológico que pode ser ensinado. Há crianças que não precisam de nenhum ritual para adormecer. Marcia Pradella, médica responsável pelo setor de pediatria do Instituto do Sono, em São Paulo, defende que os bebês a partir de 5 meses de vida têm capacidade de dormir sem a ajuda dos adultos. "É melhor que se aprenda bem cedo para, na adolescência ou na vida adulta, não necessitar de recursos como a TV ou mesmo medicamentos."
Organização é tudo
Não há segredos para promover a hora do repouso. Em primeiro lugar, é preciso organizar os horários de trabalho dos funcionários da escola de acordo com a rotina dos pequenos - e não o contrário - para que eles não sejam acordados pelo entra-e-sai. Na Creche-Escola A Ciranda, em Viçosa (MG), os turnos contemplam as necessidades da criançada. "Um pessoal começa às 7 horas e vai até as 11, enquanto outro vai das 11 às 17 horas", explica a diretora, Luciana Fiel. "Dessa maneira, evitamos tumultos no momento de descanso, após a refeição."
No que se refere ao espaço reservado para o repouso, Damaris Maranhão, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, recomenda que seja arejado, com luz indireta e isolado dos demais ambientes. "A área pode ser separada da sala de atividades por um vidro para possibilitar a supervisão constante." O local não precisa ser usado somente para esse fim, mas tem de estar sempre disponível para os que quiserem descansar.
Até os 8 ou 10 meses, os bebês ficam em berços, que devem estar distantes uns dos outros no mínimo 60 centímetros. Depois que começam a descer deles por conta própria, o melhor é recorrer aos colchonetes colocados sobre o piso, como na Bryan Biguinati. "As crianças ficam seguras e livres para levantar quando quiserem", explica a diretora, Amélia Olave. O mais adequado é que os colchões sejam forrados com uma lona plastificada para facilitar a limpeza com água e detergente neutro.
No que se refere ao espaço reservado para o repouso, Damaris Maranhão, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, recomenda que seja arejado, com luz indireta e isolado dos demais ambientes. "A área pode ser separada da sala de atividades por um vidro para possibilitar a supervisão constante." O local não precisa ser usado somente para esse fim, mas tem de estar sempre disponível para os que quiserem descansar.
Até os 8 ou 10 meses, os bebês ficam em berços, que devem estar distantes uns dos outros no mínimo 60 centímetros. Depois que começam a descer deles por conta própria, o melhor é recorrer aos colchonetes colocados sobre o piso, como na Bryan Biguinati. "As crianças ficam seguras e livres para levantar quando quiserem", explica a diretora, Amélia Olave. O mais adequado é que os colchões sejam forrados com uma lona plastificada para facilitar a limpeza com água e detergente neutro.
Cada criança tem de ter seu lençol e sua fronha. Mesmo se não forem trazidos de casa, devem ser de uso individual durante a semana. Isso evita a transmissão de pediculose (piolho), escabiose (sarna) ou outras doenças de pele. Para promover a segurança física e afetiva, cada um pode trazer objetos queridos, como bichinhos de pelúcia, chupetas e paninhos.
É essencial ter um adulto sempre observando a turma. Uma criança pode acordar assustada ou indisposta e precisar de ajuda imediata. Não é raro também alguma delas querer brincar, morder o amigo que dorme ao lado ou mesmo tropeçar ao tentar se levantar. Tudo isso deve ser previsto. A babá eletrônica é outro bom recurso. Ela permite ouvir os ruídos que indicam algum desconforto, choro ou apenas que alguém já despertou.
E se alguns querem ficar acordados? A situação é comum e acontece por vários motivos: mudança do horário da família no dia anterior, início de uma infecção, erupção de dentes ou simplesmente o temperamento. Para esses momentos, Luciana tem uma solução. Montar na sala um canto com livros, brinquedos, papéis, lápis de cor e outros materiais utilizados em atividades silenciosas para entretê-los.
É essencial ter um adulto sempre observando a turma. Uma criança pode acordar assustada ou indisposta e precisar de ajuda imediata. Não é raro também alguma delas querer brincar, morder o amigo que dorme ao lado ou mesmo tropeçar ao tentar se levantar. Tudo isso deve ser previsto. A babá eletrônica é outro bom recurso. Ela permite ouvir os ruídos que indicam algum desconforto, choro ou apenas que alguém já despertou.
E se alguns querem ficar acordados? A situação é comum e acontece por vários motivos: mudança do horário da família no dia anterior, início de uma infecção, erupção de dentes ou simplesmente o temperamento. Para esses momentos, Luciana tem uma solução. Montar na sala um canto com livros, brinquedos, papéis, lápis de cor e outros materiais utilizados em atividades silenciosas para entretê-los.
Tirar uma soneca na escola... - Desenvolve a cognição e regula a emoção
- Estimula o crescimento
- Promove conforto e bem-estar
Tempo de sono por dia
- Recém-nascido: entre 16 e 17 horas
- De 1 mês a 6 meses: entre 14 e 15 horas
- De 7 meses a 1 ano: entre 13 e 14 horas
- De 2 a 5 anos: entre 11 e 13 horas
- Estimula o crescimento
- Promove conforto e bem-estar
Tempo de sono por dia
- Recém-nascido: entre 16 e 17 horas
- De 1 mês a 6 meses: entre 14 e 15 horas
- De 7 meses a 1 ano: entre 13 e 14 horas
- De 2 a 5 anos: entre 11 e 13 horas
Os ritmos e a saúde
CADA UM TEM UM RITMO Enquanto alguns dormem em colchonetes, outros brincam
O tempo de sono varia de acordo com a idade. Um bebê recém-nascido dorme várias vezes ao longo de um dia. Esse comportamento se mantém até o terceiro mês em cerca de 90% dos casos. Os 10% restantes adormecem somente durante a noite desde o nascimento. Nesse período, ainda não é produzida a melatonina - hormônio que indica para o organismo que está na hora de repousar. Por isso, o nenê dorme conforme sua necessidade durante as 24 horas do dia.
Entre o terceiro e o quinto mês, o sono passa a se concentrar à noite. O bebê amadurece e o mecanismo que regula essa atividade também. Com 1 ano, ele repousa à noite e tira duas ou três sonecas durante o dia. A duração delas também não é rígida: para alguns, bastam 20 minutos, enquanto para outros são necessárias duas horas e meia. Depois dos 3 anos, a maioria das crianças deixa de repousar durante o dia. Para as que vêm de regiões onde até os adultos tiram a sesta, o hábito se prolonga. "É preciso sempre dispor de colchões para esses casos", diz Magda.
As necessidades e os ritmos também são diversos. O sono sofre influência do clima e da vida social. Se os pais vão para a cama cedo, provavelmente o filho fará o mesmo. O estado de saúde também é determinante e alguns transtornos podem se manifestar nessa fase. Eles são divididos em duas categorias: respiratórios (ronco e apnéia) e não respiratórios (fragmentação do sono).
No primeiro caso, a criança tem parada respiratória enquanto está adormecida por causa de amígdalas ou adenóide grandes e acorda antes de entrar no estágio profundo. Com isso, seu organismo não libera o hormônio do crescimento na quantidade ideal e o seu desenvolvimento fica comprometido.
Já os não-respiratórios são chamados de benignos e estão ligados à maturação do sistema nervoso. Seus sintomas são o gemido ou o choro durante a soneca. Eles diminuem com a maturidade até desaparecer. "É importante que a escola conheça os hábitos e o estado de saúde da criança para que possa dar a ela boas condiçoes de sono e, assim, promover seu completo desenvolvimento", conclui Damaris.
Entre o terceiro e o quinto mês, o sono passa a se concentrar à noite. O bebê amadurece e o mecanismo que regula essa atividade também. Com 1 ano, ele repousa à noite e tira duas ou três sonecas durante o dia. A duração delas também não é rígida: para alguns, bastam 20 minutos, enquanto para outros são necessárias duas horas e meia. Depois dos 3 anos, a maioria das crianças deixa de repousar durante o dia. Para as que vêm de regiões onde até os adultos tiram a sesta, o hábito se prolonga. "É preciso sempre dispor de colchões para esses casos", diz Magda.
As necessidades e os ritmos também são diversos. O sono sofre influência do clima e da vida social. Se os pais vão para a cama cedo, provavelmente o filho fará o mesmo. O estado de saúde também é determinante e alguns transtornos podem se manifestar nessa fase. Eles são divididos em duas categorias: respiratórios (ronco e apnéia) e não respiratórios (fragmentação do sono).
No primeiro caso, a criança tem parada respiratória enquanto está adormecida por causa de amígdalas ou adenóide grandes e acorda antes de entrar no estágio profundo. Com isso, seu organismo não libera o hormônio do crescimento na quantidade ideal e o seu desenvolvimento fica comprometido.
Já os não-respiratórios são chamados de benignos e estão ligados à maturação do sistema nervoso. Seus sintomas são o gemido ou o choro durante a soneca. Eles diminuem com a maturidade até desaparecer. "É importante que a escola conheça os hábitos e o estado de saúde da criança para que possa dar a ela boas condiçoes de sono e, assim, promover seu completo desenvolvimento", conclui Damaris.
A EDUCAÇÃO NÃO PODE SE OCUPAR SÓ DO INTELECTO, MAS DEVE FORMAR PESSOAS MAIS SOLIDÁRIAS
Educação é um termo que vem sempre sendo discutido nos últimos tempos. Ainda mais agora, em que o lema/slogan do novo governo foi definido como “Brasil, pátria educadora”.
É clássico assumir que o segredo para um país desenvolvido é o investimento em educação. Fala-se nisso há anos e mesmo assim os índices mostram que o Brasil ainda é o aluno bagunceiro do fundão da sala que está repetindo de ano.
Mas o que é educação, na verdade? Como fazer educação? Há uma reflexão sendo feito a respeito desse conceito pelo psiquiatra chileno Claudio Naranjo, autor de 19 títulos e um dos indicados ao Nobel da Paz de 2015.
A frase do título é dele. O chileno concedeu uma entrevista à Época onde falou algumas verdades doloridas sobre o conceito de educação que está sendo disseminado.
“A educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames, consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel essencial que a educação deveria ter”.
Confunde-se educação com inteligência nas escolas, com melhor desempenho, melhores notas e melhores recomendações para os currículos. A pessoa com o QI mais alto do mundo é também a mais educada? Provavelmente não, e é esse o ponto martelado por Naranjo.
“Temos um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra educação para designar o que é apenas a transmissão de informações […] É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas”.
Sabendo disso, como quebrar essa escrita? O psiquiatra indaga qual a necessidade dessa aberração, nas palavras dele, de as escolas fazerem com que os alunos passem horas inertes, ouvindo como é a flora num local distante ou os nomes dos afluentes de um grande rio em detrimento a conhecimentos muito mais próximos e úteis, de acordo com as capacidades e necessidades de cada um.
A principal crítica que Claudio Naranjo faz é a da escola, em geral, optar por uma educação massificada e não pessoal, eliminando as individualidades e características que cada pessoa, como ser único, possui. Já a principal motivação sua é combater esse sistema e transformar os educadores em profissionais mais amorosos, acolhedores e afetivos.
“O objetivo é preparar os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Comprovamos por meio de pesquisas que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas”.
Venha aqui caso queira ler entrevista completa, publicada no site da revista Época.
Flaubi Farias
Jornalista, parolo, navegador, alienígena e editor do La Parola.
http://www.laparola.com.br/a-educacao-nao-pode-se-ocupar-so-do-intelecto-mas-deve-formar-pessoas-mais-solidarias
Autoras: Lourdes Bernadete Possatto e Cladis Rosélia Jagnow
RESUMO
Este artigo Analisa os jogos didáticos em sala de aula como ferramenta para auxiliar a aprendizagem de alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. Numa breve visão apresentamos autores renomados que mostram a importância dos jogos didáticos para motivar os alunos na busca pela aprendizagem numa visão psicopedagógico. Considera a influência dos jogos na socialização das crianças, e como os jogos podem ser colaboradores na compreensão e retenção dos conteúdos das disciplinas específicas.
Palavras chaves: Jogos, motivação e socialização
Introdução
Com este trabalho pretendemos analisar a dificuldade de aprendizagem vivenciada junto aos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Leôncio Pinheiro da Silva. Bem como buscar ajuda para auxiliar os professores que atuam nestas turmas quanto a entender como mudar esta realidade. A finalidade deste trabalho será buscar referências bibliográficas para auxiliar os professores em suas ações, para que possam diminuir as dificuldades encontradas ao motivar os alunos a querer aprender com interesse. Sendo assim, o trabalho propõe uma análise das teorias de autores que já descreveram sobre a importância de se usar um ensino diversificado, com aulas que podem ser um incentivo motivacional por introduzir em suas aulas jogos didático. Analisa os jogos didáticos como ferramenta que contribui para o ensino aprendizagem. Busca entender a opinião dos professores sobre a utilização dos jogos em suas aulas.
Ao voltar nossa atenção aos primórdios da história da humanidade, veremos que os jogos sempre fizeram parte da vivência humana. Porém, ao longo dos anos, houve muitas mudanças na utilização dos jogos e brincadeiras. Essas eram utilizadas em todas as classes sociais, no entanto, com o tempo tornou-se comum nas classes populares sofrendo transformações e adaptações, que por sua vez perderam muito das suas características originais. Entretanto, com o início da industrialização por volta do século XIX, os brinquedos tomaram novas formas, utilizaram-se novos materiais, que foram dirigidos ao público infantil. Estes brinquedos exercem uma mediação entre as crianças e os jogos no mundo em que estão inseridas. A socialização que as crianças têm com os colegas através dos jogos tem proporcionado resultados positivos, pois possibilita o desenvolvimento integral, proporcionando a aquisição de habilidades indispensáveis como: colaboração, autodomínio, criatividade, coragem, iniciativa, capacidade de observação, capacidade de tirar conclusões e fazer estimativas. Estas habilidades influenciam nos aspectos sociais, físicos e emocionais das crianças conforme Kishimoto (2002) descreve os jogos, sendo considerados como uma atividade que tem valor educacional, por funcionar como motivador, estimulando o prazer, desenvolve pensamento de organização de tempo e espaço, proporciona interação, argumentação e interesse, desta forma aprendendo com mais facilidade. Quando analisamos Piaget, sobre “assimilação”, que ocorre quando a criança ou adulto entra em contato com algo novo, e que esse faz o papel de “remeter” ao que já tinha visto ou “vivenciado”, esse reconhecimento leva a novos pensamentos, novas conclusões e novos conceitos, por sua vez novas aprendizagens. Ainda, conforme Piaget, ao comparar e assimilar a criança chega ao processo de “equilibração” ou acomodação, neste ponto entra a função do professor com o papel de oferecer novos desafios para estimular novos conhecimentos. Outro ponto positivo dos jogos no processo ensino aprendizagem segundo Vygotsky é a “socialização”, desempenha papel importante no desenvolvimento da criança. Essa interação social contribui para a formação de conceitos sobre espaços e tempo, aumenta a reflexão ao comparar suas ideias com as dos coleguinhas e com isso forma novas opiniões. Fialho, (2007) corrobora com as afirmações dos colegas, descrevendo os jogos como motivadores para a aprendizagem.
Justificativa
Estamos enfrentando um crescente desinteresse entre os alunos pelas aulas ministradas em salas de aulas. Para os professores isso se torna um desafio que se deve encontrar uma saída plausível ou entraremos em colapso geral no que se refere aos avanços na construção da aprendizagem significativa. Por experiência de usar os jogos didáticos em sala de aula, no intuito de tornar a aprendizagem mais prazerosa e ao mesmo tempo buscando o aumento da efetividade do ensino/aprendizagem, buscarei junto a autores que já descreveram práticas sobre o uso dos jogos didáticos como ferramenta motivadora do interesse pelas aulas, base teórica para dar credibilidades a minha prática, e incentivar o uso dos jogos didáticos como auxílio no desenvolvimento das habilidades necessárias para facilitar a compreensão dos conteúdos e tornar as aulas mais criativas e prazerosas. Visto que os jogos proporcionam sociabilidade ou segundo Vygotsky contribui para a “formação social da mente”, colabora para a formação de conceitos, incentiva a criatividade, auxilia no reforço dos conteúdos estudados, proporcionam ocasiões de colaboração, através da competição proporciona espaços para criar estratégias, neste contexto os jogos podem ser usados para que as aulas fiquem menos enfadonhas e para proporcionar na sala de aula um espaço de convivência pacífico.
Segundo SILVEIRA (1998,p.2), os jogos podem ser usados para “autoconfiança e motivação”, auxiliando no ensino aprendizagem. No entanto, alerta para o cuidado que devemos ter ao levar os jogos para a sala de aula, enfatizando que esses devem ser bem planejados e tendo coerência com os conteúdos ministrados, para que não se deixe de lado os conteúdos previstos para a série. Outro ponto que devemos levar em conta é o preparo e seleção dos jogos que serão utilizados, entendendo que o professor deve conhecer as regras para aplicar os jogos.
Precisamos despertar nos alunos o desejo de querer aprender, no entanto, os jogos podem ser um dos caminhos a ser percorrido para auxiliar na aprendizagem e diminuir o desinteresse dos alunos pelas aulas.
Diante do trabalho de autores que descreveram sobre a importância dos jogos didáticos como ferramenta a contribuir na motivação do ensino/ aprendizagem em alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, busco embasamento teórico que contribuam para auxiliar o desenvolvimento de capacidades necessárias ao utilizar no planejamento esse recurso. Kishimoto faz argumentações importantes das experiências ao utilizar jogos e brincadeiras para o raciocínio lógico. Porém, salienta que são úteis em outras áreas:
Sabemos que as experiências positivas nos dão segurança e estímulo para o desenvolvimento. O jogo nos propicia experiências de êxito, pois é significativo, possibilitando a autodescoberta, a assimilação e a interação com o mundo por meio de relações e de vivências.
Neste mesmo contexto Luckesi (2000, p. 57) leva a refletir o valor social, cultural, afetivo e educativo que os jogos têm no comportamento de quem os utiliza.
Uma educação que leva em consideração a ludicidade é um fazer humano mais amplo, que se relaciona não apenas à presença das brincadeiras ou jogos, mas também a um sentimento, atitude do sujeito envolvido na ação, que se refere a um prazer de celebração em função do envolvimento genuíno com a atividade, a sensação de plenitude que acompanha as coisas significativas e verdadeiras. (LUCKESI, p. 57).
O uso pedagógico de jogos em sala de aula estimula a construção mais completa do pensamento significativo e o convívio social, levando a superarem obstáculos em equipe. Podemos refletir sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento e na formação social da mente segundo escritos de Vygotsky. No papel social o autor relata que as crianças tendem a mudar suas atitudes e pensamentos ao se sociabilizar com o que ocorre no meio em que estão inseridos. Se esses ambientes oferecem recursos planejados conforme as necessidades das crianças, propiciam uma aquisição habilidades de forma prazerosa. Oliveira (2000, p.17) nos assegura o valor e influência da utilização de linguagens diferentes para que a criança tenha oportunidades de ampliar a aprendizagem.
Vida a fora o meio exercerá sua influência, sua atuação falará à criança através das suas diferentes linguagens, convidando-a ou mesmo impelindo-a a agir ou, por outro lado inibindo-a. A criança, contudo, tornará sempre parte ativa nesta escolha e seleção do que faz e como faz, para que faz, quando faz e com que faz. O brincar ensina a escolher, a assumir, a participar, a delegar e postergar. (OLIVEIRA, 2000, P. 17).
Sendo assim entende-se que a humanização se dá no meio social em que a criança interage e que, portanto, os jogos ou brincadeiras terão importância na aquisição do conhecimento para que possa desenvolver suas habilidades e competências que lhe serão úteis na trajetória de sua vida. Segundo Oliveira, através dos jogos a criança terá oportunidade de conviver com regras aceitando-as ou criando-as, que por sua vez contribuirão para um bom convívio social. Porque no brincar, surgem oportunidades para aceitar, expressar e experimentar comportamentos que em outra ocasião não teria coragem de expressá-los, por medo ou até mesmo vergonha. Neste contexto podemos atentar para a contribuição de Almeida (1998, p.54) “ A brincadeira além de contribuir e influenciar na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio,...”. Temos muitos referenciais teóricos que sem dúvidas que os jogos e brincadeiras são ferramentas poderosas na aprendizagem.
4.1 As tecnologias em nossas vidas
Temos que lembrar que no contexto da busca por obter recurso que possam auxiliar o desenvolvimento de habilidades e competências encontramos várias opções. Neste caso vale destacar os recursos encontrados nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que surgem de forma acelerada. As tecnologias permitem que a humanidade obtenha informações de modo rápido e em grande quantidade alcançando uma proporção maior de pessoas. A expansão dos meios tecnológicos de informação proporciona que em lugares distante se tenha a oportunidade de adquirir conhecimento de qualidade por meio da Educação a Distância promovida pela tecnologia. No contexto a tecnologia oferece muitas formas de se adquirir conhecimento, os jogos educativos são atrativos que permitem diversas oportunidades de aprendizagem. Para a o desenvolvimento do letramento encontramos oportunidades de jogos que oportunizam desenvolver a leitura e escrita, sites que ensinam construir jogos, entre outros. Raquel Goulart (2003) está entre muitos autores que destacam a importância das tecnologias no desenvolvimento das aprendizagens.
A tecnologia na educação torna-se um diferencial importante para os indivíduos que as usam para desenvolver habilidades e competências, bem como armazenar informações para uso na criatividade e inovação do seu potencial, no entanto, essas faculdades de mobilizar a tecnologia está ligada aos contextos culturais, profissionais e sociais, conforme Perrenoud.
Perrenoud (2009) (apud Silvia, 2009) “[..] a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais.”
Não temos dúvidas de que a evolução das tics tem contribuído para melhorar o sistema educacional com suas diversas facetas, como por exemplo, o rápido acesso às informações e o armazenamento das mesmas, porém o que nos preocupa é que não somos na maioria, docentes alfabetizados tecnologicamente, também enfrentamos o problema estrutural de muitas escolas não ter acesso disponível às tecnologias dentro do processo de ensino- aprendizagem.
4 . 2 Os jogos didáticos como ferramenta no auxílio do ensino/ aprendizagem
Quando falamos do uso de jogos como suporte para estimular o desenvolvimento de habilidades e competências no ensino aprendizagem, encontramos um número considerável de autores que compravam a eficácia e que nos dão suporte para usá-los em nossas aulas. No sentido de os jogos serem uma ferramenta para a socialização, encontramos suporte em Vygotsky ( Formação Social da Mente,1998) com seus estudos sobre a contribuição dos jogos na interação social estabelecidas aos participantes. Ainda no contexto social encontramos a colaboração de Brougère, (2008, p. 106):
A brincadeira que pode ser às vezes uma escola de conformismo social, de adequações às soluções propostas, pode, do mesmo modo, tornar-se um espaço de invenção, de curiosidade e de experiências diversificadas, por menos que a sociedade ofereça as crianças os meios para isso.” (Brougère, 2008, p. 106 – apud Tereza M. Nishikawa).
Essa interação desfrutada de forma prazerosa entre os participantes contribui para o desenvolvimento de várias habilidades como: colaboração, companheirismo, a busca por novos conhecimentos, a formação de estratégias, entre outras habilidades que são úteis para uma boa formação e convivência social.
Entendendo o campo de construção de inteligência, temos na ponta Piaget sobre “construção do conhecimento”. Piaget nos afirma que nas situações de estranheza de algo novo que o autor denomina como “assimilação”, no contato de reconhecimento do que está se confrontando a criança refina seus conhecimentos construindo novos conceitos e chega novamente na “acomodação” do que aprendeu, Piaget reforça aqui a função do professor de criar estratégias para “desequilibrar o esquema mental do aluno” proporcionando novos desafios. Neste processo de “assimilação”, “acomodação” e “desiquilíbrio” a criança desenvolve uma série de habilidades para uso nas mais diversas situações cotidianas, como por exemplo, a construção, entendimento e respeito às regras que serão úteis no convívio social, neste campo os jogos oferecem uma contribuição inestimável. Outra contribuição é de Kishimoto (1994) nos lembrando que os jogos são estimulantes e relevantes para alcançar objetivamente uma aprendizagem construtiva, por sua experiência positiva.
Sabemos que as experiências positivas nos dão segurança e estímulo para o desenvolvimento. O jogo nos propicia experiências de êxito, pois é significativo, possibilitando a autodescoberta, a assimilação e a interação com o mundo por meio de relações e de vivências.
Destacamos agora alguns autores (as) que também contribuíram para a construção do conhecimento com a colaboração dos jogos no letramento e leitura. Nos mais diversos sites online, encontramos a página da Iara Medeiro, com uma diversidade de jogos para letramento que fascina as crianças proporcionando aprendizagem prazerosa. As atividades online são atraentes e colaboram muito para o letramento das crianças, por usar o campo visual como atrativo. Essas páginas oferecem uma diversidade de jogos como; Jogo de dado alfabético, jogo de trilhas, jogo de memória e outros que podem ser adaptados conforme a faixa etária das crianças e também conforme os conteúdos a serem trabalhados. Estes podem ser jogos coletivos envolvendo a turma toda, em trios, em duplas conforme a necessidade. Conforme Vygotsky, a interação com o meio faz com que o que está interno na criança venha ser socializado proporcionando construção de novos aprendizados, havendo assim uma troca interativa, sendo essa oriunda dos mais diversos meios interativos. Cabe a escola e a família proporcionar mecanismos ou ferramentas para aumentar os desafios que por sua vez proporcionam novos conhecimentos e as ajudam a desenvolverem competências. Segundo Paulo Freire (1996), “ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a produção do saber”. Em nossa trajetória como docente, sabemos que essas palavras de Paulo fazem o maior sentido, quando proporcionamos mecanismos para as crianças nós nos surpreendemos com o desenvolvimento de habilidades e com a produção de conhecimento próprio. Sabemos que a aquisição mais a interação resultam numa aprendizagem significativa, porém, precisamos nos lembrar que as informações adquiridas no meio em que as crianças vivem influenciam de modo positivo ou negativo no desenvolvimento escolar. Segundo Manuela Maria Conceição Ferreira:
A aprendizagem está envolvida em múltiplos factores, que se implicam mutuamente e que embora os possamos analisar em separado fazem parte de um todo que depende, quer na sua natureza, quer na sua qualidade, de uma série de condições internas e externas ao sujeito (Malglaive, 1990).
Os fatores internos ou externos exercem grande influência na aquisição de aprendizagens e esses desafios são vivenciados diariamente no cotidiano escolar e causam inquietação.
“Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.”Nesta frase de Cora Coralina está em essência a realidade de muitas crianças que em nossas escolas são vista como crianças que não querem aprender, quando na realidade no seu cotidiano não recebe estímulo que sejam toques em sua alma surrada por situações negativas.
4.3 O desejo de aprender, suas causas, consequências e desafios
Uma séria preocupação que enfrentamos diariamente está em encontrar maneiras para enfrentar o problema do desinteresse de nossas crianças pelas aulas. Segundo Montessori, as crianças precisam ser ensinadas a satisfazer suas necessidades por si mesmas, recebendo a ajuda necessária para que isso possa acontecer.
...v um ser com necessidades próprias, original e único; v um ser capaz de crescer por si mesmo; um ser diferente do adulto; v um ser que precisa de ajuda adequada e oportuna; v um ser capaz de aprender naturalmente.
Nesta linha de pensamento de Montessori, podemos refletir sobre o uso dos jogos didáticos como ferramenta motivadora na construção do conhecimento de forma significativa. Segundo Clenilda Cazarin Pezzini*1 Maria Lidia Sica Szymanski em FALTA DE DESEJO DE APRENDER Causas e Consequências, nos afirmam que a falta de desejo de aprender está presente no cotidiano escolar.
Entre todas as dificuldades pelas quais passa a educação no Brasil, destaca-se, atualmente, um grande desinteresse por parte de muitos alunos, por qualquer atividade escolar. Freqüentam as aulas por obrigação, sem, contudo, participar das atividades básicas. Ficam apáticos diante de qualquer iniciativa dos professores, que se confessam frustrados por não conseguirem atingir totalmente seus objetivos.
Para que o objetivo de cativar as crianças a gostarem de buscar conhecimento se efetive é preciso proporcionar ambientes descontraídos. Aqui entra a colaboração dos inúmeros autores que comprovam a eficácia da busca prazerosa por meio de jogos e brincadeiras planejados para que a criança possa assimilar os conteúdos.
Para atingir bons resultados na aprendizagem, não podemos esquecer que precisamos de profissionais qualificados. Na formação dos profissionais da educação devemos considerar a necessidade de um professor capacitado a não se restringir ao repassar conhecimento, mas segundo Paulo Freire a aprendizagem começa “... antes de tudo, ensinar a perguntar. Porque o início do conhecimento, repito, é perguntar. E somente a partir de perguntas é que se deve sair em busca de respostas.” Estimular a criança a fazer perguntas e criticar situações dará a ela oportunidade de se habilitar na busca do aprendizado com autonomia própria. Segundo Claudemir Pedroso, em seu resumo da Teoria do Conhecimento, nos ajuda a compreender que para chegar ao conhecimento do objeto a criança terá de fazer indagações.
O dualismo do sujeito e do objeto pertence à essência do conhecimento. A função do sujeito é apreender o objeto; a função do objeto é ser apreensível e ser apreendido pelo sujeito. Vista a partir do sujeito, essa apreensão aparece como uma saída do sujeito para além de sua esfera própria, como uma invasão da esfera do objeto e como uma apreensão das determinações do objeto. Surge no sujeito uma "figura" que contém as determinações do objeto, uma "imagem" do objeto. Visto a partir do objeto, o conhecimento aparece como um alastramento, no sujeito, das determinações do objeto. Há uma transcendência do objeto na esfera do sujeito correspondendo à transcendência do sujeito na esfera do objeto. Pelo contrário, pode-se falar de uma atividade e de uma espontaneidade do sujeito no conhecimento. Receptividade com respeito ao objeto e espontaneidade com respeito à imagem do objeto no sujeito podem perfeitamente coexistir. Na medida em que determina o sujeito, o objeto mostra-se independente do sujeito, para além dele, transcendente.
Segundo Everton Marcos de Souza em O papel do professor na construção da autonomia retrata o dito de Piaget:
Jean Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito recíproco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petrópolis: Vozes, 1993:173-189).
Sugundo (Gonzaga 2009, p. 39 apud, ELAINE RIBEIRO ALMEIDA) aponta:
(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica.
Entendemos que muito se tem feito para proporcionar aos nossos alunos uma aprendizagem significativa, encontramos muitos autores que embasam nossa proposta para utilizar os jogos didáticos como estímulo para que possamos motivar nossas crianças a desenvolver autonomia na busca do conhecimento.
Conclusões
No decorrer deste estudo foi possível perceber a influência positiva que os jogos exercem sobre a criança no desenvolvimento da aprendizagem significativa. Constatou-se que o jogo pedagógico constitui uma excelente ferramenta educacional que está ao nosso favor como uma poderosa ferramenta para auxiliar o desenvolvimento das habilidades nas crianças em sentido físico, emocional e cognitivo.
Na interação, ao exercer um intercâmbio de relações da criança com os jogos e com os colegas possibilita momentos de aprendizagem interativa, que aumenta a capacidade de sociabilidade, foco de atenção, melhora da linguagem oral e escrita, aumenta sua capacidade de percepção, criatividade, desenvolve capacidade de criar estratégias, auxilia no desenvolvimento das capacidades emocionais onde a criança demonstra coragem, alegria, satisfação, angústias, medo, afetividade, passividade, agressividade, tristeza, entusiasmo, companheirismo, solidariedade, compreensão,... Neste contexto os sentimentos envolvidos colaboram para a construção de novos conhecimentos.
A ludicidade dando ênfase aos jogos didáticos é elemento relevante e imprescindível para desenvolver as capacidades de interação, convivência, construção do conhecimento pela ação desenvolvida entre os participantes. Para que a aprendizagem aconteça de modo favorável à construção de conhecimentos devemos levar em conta as condições internas e externas do ambiente inserido para que a criança se senta segura. Neste contexto houve uma melhora significativa e considerável do desenvolvimento de habilidades externas e internas dos alunos, que conseguiram ter controle das emoções durante as atividades e que essas atitudes contribuiram para diminuir as agressividades, aumentando a colaboração entre professor e aluno, entre colegas da classe e outras classes, que por sua vez contribuiu para a construção coletiva de saberes.
Quando compreendemos os aspectos de linguagem que podemos explorar ao planejar o jogo podemos possibilitar a ampliação do vocabulário, contribuir para o desenvolvimento de relações fonológicas da leitura das palavras relacionando com a escrita.
Resumindo, quando a criança brinca ela é favorecida em muitos níveis ( fisiológico-emocional, comportamental e cognitivo,...) Esses por sua vez sõa repercutidos de muitas maneiras:
- Regula o humor e ansiedade.
- Promove a atenção.
- Desenvolve novas aprendizagens.
- Reduz stress.
- Acalma produzindo bem-estar e prazer.
Também podemos perceber que aumenta a motivação física pela reação dos músculos que são impulsionados ao brincar. Outro ponto proporcionado pelo brincar e a ampliação da imaginação e da criatividade fazendo com que a criança aprecie o mundo ao seu redor.
Resumindo, se cada criança é única, então devemos nos preocupar em ajuda-la a se desenvolver em seu contexto, levando em conta sua individualidade e respeitando seus limites. “ Precisamos valorizar o brincar de nossas crianças”.
7. Bibliografia
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PSICOMOTRICIDADE INFANTIL: A ARTE DE BRINCAR E APRENDER ATRAVÉS DO LÚDICO
Resumo: Este artigo tem como objetivo compreender a partir da visão de professores a eficácia do brincar e da psicomotricidade em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento psicomotor infantil. Teve como objetivos compreender a psicomotricidade e sua importância no desenvolvimento infantil, entender a relação entre o corpo e a mente através da psicomotricidade, identificar quais as formas lúdicas que contribuem para o desenvolvimento psicomotor, assim como analisar de que forma a ludicidade contribui para a aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor infantil. Foram entrevistados quatro professores, formados de 02 a 12 anos no magistério, atuando em uma escola municipal do município de Maravilha no oeste de Santa Catarina. Metodologicamente foi utilizada uma entrevista semiestruturada, formada por questões norteadoras que guiaram a entrevista, mas abriram espaço para a possibilidade de outros pontos serem aprofundados. Sendo a mesma uma pesquisa qualitativa com técnica de análise de conteúdo. Da análise dos relatos das participantes percebeu-se a importância dada pelos profissionais entrevistados a psicomotricidade, assim como sua participação na vida e no desenvolvimento das crianças, e ao mesmo tempo verificou-se a preocupação relacionado a pouca disponibilização de cursos de aperfeiçoamento relacionado ao tema.
Palavras-chaves: Psicomotricidade, Ludicidade, Aprendizagem, Educação.
1. Introdução
Há evidência, cada vez maior, da importância do desenvolvimento psicomotor nos processos que envolvem o aprendizado, voltado para a sistematização de certos conteúdos curriculares, mais especificamente os que se relacionam à alfabetização. Estudos atuais conduzem para o interesse crescente pelas práticas psicomotoras em decorrência de sua dupla função, preventiva e terapêutica, levando-se em consideração que, em torno da ação psicomotora, giram as possibilidades de atuação, por meio do corpo, sobre o psiquismo e as funções instrumentais de adaptação ao meio.
Oportunidades anteriores a este estudo, de estar em contato com escolas, despertaram o interesse pelo tema e por investigar a importância do lúdico e da psicomotricidade no contexto escolar. Segundo Fonseca (2004) a psicomotricidade esta presente em todas as atividades que desenvolvem a motricidade das crianças, contribuindo para o conhecimento e domínio do seu próprio corpo. Sendo assim, buscaremos compreender a importância do lúdico no contexto escolar.
Le Boulch (1987) afirma que o trabalho psicomotor com crianças prevê a formação de uma base indispensável tanto em seu desenvolvimento motor quanto psicológico e afetivo, através dessas atividades lúdicas a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
O tema do presente artigo visa oferecer material para pesquisas futuras que possam surgir a cerca deste tema, assim como colaborar para esclarecer aos profissionais das áreas afins sobre a importância do lúdico e da psicomotricidade no desenvolvimento de crianças nas séries iniciais. Também vem com o intuito de contribuir para incitar a reflexão sobre a educação psicomotora da criança como parte integrante e indispensável ao processo educativo, a fim de promover aos educandos um desenvolvimento psicomotor satisfatório e ao mesmo tempo contribuir para uma evolução psicossocial e o sucesso escolar dos mesmos.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Compreendendo a Psicomotricidade
"Dentre tantos que vieram enriquecer a escola em seu processo e construir o novo sujeito para o mundo novo e com um novo paradigma de educação, a psicomotricidade contribuiu com o seu “saber” para melhorar e transformar o homem, até suas mais profundas raízes. Trata-se, portanto de uma educação pelo movimento” (PAROLIN, 2007, p. 142).
Segundo Galvão (1995) a psicomotricidade, em sua ação educativa, pretende atingir a organização psicomotora da noção do corpo como marco espaço temporal do “eu” (entendido como unidade psicossomática). Esse marco é fundamental ao processo de conduta ou de aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas suas múltiplas relações: perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um esquema representacional e uma vivência indispensável à integração, à elaboração e à expressão de qualquer ato ou gesto intencional.
Ainda para Galvão (1995) a psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a relação do homem com o meio interno e externo: Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.
Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo (GALVÃO, 1995, p. 10).
Para Vayer (1986), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.
Para Alves (2008) a psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a aprendizagem. Trabalhando no ser humano, cada uma das etapas, possibilitando trabalhar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento deste com o seu corpo e com o que está ao seu redor. Proporcionar ao indivíduo a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e a fazer, na medida em que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua distinção. Relacionam-se com o mundo de forma equilibrada.
Le Boulch (1987) define Psicomotricidade como uma ciência que estuda as condutas motoras por expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem, procurando fazer com que os indivíduos descubram o seu corpo através de uma relação do mundo interno com o externo e a sua capacidade de movimento e ação. E dessa forma, permitir tanto ao adulto como à criança expressar as suas ações e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpo.
Segundo Alves (2003) a psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, que represente suas necessidades e permitem a relação com os demais. É a integração psiquismo motricidade. A motricidade é o resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura, como resposta a estimulação sensorial. O psiquismo seria considerado como o conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, etc. Portanto, a função psicomotora é a unidade onde se integram a incitação, a preparação, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção, etc. O mundo psicomotor surge também na escola onde o aluno busca um espaço para seu corpo, vivendo intensamente cada momento.
A educação psicomotora deve ser considerada uma educação de base na escola primária. Ela acondiciona todos os aprendizados pré-escolares levando a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde tenra idade; conduzida com perseverança permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas (LE BOUCH, 1986, p. 15).
A educação psicomotora de Le Boulch (1983) justifica sua ação pedagógica colocando em evidência a prevenção das dificuldades pedagógicas, dando importância a uma educação do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo como principal papel na escola preparar seus educandos para a vida. Utiliza métodos pedagógicos renovados, procurando ajudar a criança a se desenvolver da melhor maneira possível, contribuindo dessa forma para uma boa formação da vida social dos educandos. Para atingir esse objetivo, a educação psicomotora procura trabalhar como foi descrito acima, na prevenção de problemas de dificuldades escolares de várias origens, como: afetividade, leitura e escrita, atenção, lateralidade e dominância lateral, matemática e funções cognitivas, socialização e trabalho em grupo.
A educação psicomotora no ensino fundamental segundo ele tem três objetivos principais que são:
- Enfatizar a aquisição de certo número de conhecimentos e de habilidades, através de uma transmissão cultural;
- Manter e desenvolver as possibilidades de descoberta, criação e imaginação da criança;
- Trabalhar no modo de aquisição, desenvolvendo as possibilidades funcionais da criança tanto no plano físico como no intelectual.
A partir desses três objetivos, há uma busca no desenvolvimento psicoafetivo, funcional metódico, e aquisições instrumentais e de conhecimentos. Onde no primeiro são trabalhados os jogos e expressões motoras espontâneas, e atividades artísticas, no segundo, a educação psicomotora metódica utiliza atividades despertadoras; e no último é trabalhado a escrita, leitura, cálculo e matemática, habilidades motoras utilizadas nos esportes e o conjunto dos conhecimentos escolares.
De acordo com Gonçalves (2011) a Psicomotricidade tem o objetivo de enxergar o ser humano em sua totalidade, nunca separando o corpo (sinestésico), o sujeito (relacional) e a afetividade. Sendo assim, ela busca, por meio da ação motora, estabelecer o equilíbrio desse ser, dando lhe possibilidades de encontrar seu espaço e de se identificar com o meio do qual faz parte.
2.2 O corpo e a Mente
Segundo Assunção e Coelho (1997) a psicomotricidade é a “educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas”. Além disso, possui uma dupla finalidade: “assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se, através do intercâmbio com o ambiente humano”.
Assunção e Coelho (1997) ainda trazem que a psicomotricidade integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo tempo que põe em jogo as funções intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras. Diante desta visão, as atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios como quais fará grande parte dos seus contatos sociais. A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da educação, pois ela vem auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, sendo que o corpo e a mente são elementos integrados da sua formação.
Todas as experiências da criança (o prazer, a dor, o sucesso ou fracasso) são sempre vividos corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e as cerção de suas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais.” (VAYER, 1984, p.89).
Segundo Fonseca (1988) é na Educação Infantil e nas Séries Iniciais, que a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento. Conforme Araújo (1999) a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, como núcleo central da personalidade, se organiza em um contexto de relações mútuas do organismo e do meio. Portanto, a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio.
2.3 A importância da psicomotricidade e da ludicidade
Conforme Santos (2009) durante muito tempo e ainda hoje, prevalece a indiferença, de muitos ao ambiente escolar, pelo uso do lúdico no ensino das crianças. O brincar era e é tratado como uma atividade não séria que não se enquadra nos padrões de ensino, já que, o mesmo autor ainda traz que a escola prioriza a disciplina e o silêncio, assim como criança precisa ser obediente ao professor, passiva e imóvel em sala de aula, para que não haja bagunça. Isso contraria os objetivos que muitos educadores pregam em que se valoriza a criança como um ser ativo.
De acordo com Oliveira (2008) ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para a apropriação dos signos sociais.
Segundo Luckesi (2000) o lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo.
Como bem observa Fortuna (2001), em uma sala de aula ludicamente inspirada, convive-se com a aleatoriedade, com o imponderável, o professor renuncia à centralização, à onisciência e ao controle onipotente e reconhece a importância de que o aluno tenha uma postura ativa nas situações de ensino, sendo sujeito de sua aprendizagem, a espontaneidade e a criatividade são constantemente estimuladas. Ainda de acordo com Fortuna (2001) uma proposta lúdica educativa torna-se um desafio à prática do professor, pois além de selecionar, preparar, planejar e aplicar os jogos precisa participar no decorrer do jogo, se necessário jogar, brincar com as crianças, mas sempre observando, no desenrolar, as interações e trocas de saberes entre eles, “brincar e aprender ensinam ao professor, por meio de sua ação, observação e reflexão, incessantemente renovadas, como e o que o aluno conhece”.
Ainda, segundo Dohme (2005), além de o jogo ser uma atividade interessante, ela transmite conteúdos na qual:
(...) podem colaborar na formação do indivíduo de forma ampla, proporcionando o desenvolvimento em outros aspectos, como físico, intelectual, social, afetivo, ético, artístico. Este desenvolvimento pode ser obtido através de situações comuns decorrentes da aplicação de jogos como o exercício da vivência em equipe, da criatividade, imaginação, oportunidades de autoconhecimento, de descobertas de potencialidade, formação da auto-estima e exercícios de relacionamento social.
Le Bouch (1987) ressalta que “é partindo de um desenvolvimento funcional metódico que facilitaremos as aprendizagens específicas”. Neste desenvolvimento funcional, a educação psicomotora desempenha um papel central já que ela termina no ingresso a uma imagem do corpo operatório, condição da disponibilidade pessoal em relação ao meio material e humano. Ressalta ainda, que a educação psicomotora nas escolas deveria desenvolver nas crianças, uma postura correta frente à aprendizagem de caráter preventivo do desenvolvimento integral do indivíduo, frente a várias etapas de crescimento.
3. Método
Aliadas aos métodos estão as técnicas de pesquisas, instrumentos específicos que ajudam no alcance dos objetivos almejados. Para a realização deste estudo utilizou-se como instrumento uma entrevista semiestruturada que é formada por questões norteadoras que guiaram a entrevista e possibilitam que alguns pontos sejam aprofundados. Sendo a mesma uma pesquisa qualitativa, na modalidade de pesquisa de campo com técnica de análise de conteúdo pelo método de Bardin (1977).
Foram entrevistados quatro professores de ambos os gêneros, atuantes no ensino fundamental, anos iniciais da rede municipal de ensino da cidade de Maravilha/SC, que se dispuseram a falar sobre o tema, sendo um professor do 1º ano, um do 2º ano, um professor de Artes e um de Educação Física. Os participantes da pesquisa possuem tempo de serviço entre 02 a 12 anos.
Para garantir a confiabilidade e anonimato das informações disponibilizadas pelos participantes, foi assinado o termo de consentimento livre e esclarecido. A entrevista foi gravada, transcrita e posteriormente analisada a partir da fundamentação teórica.
A análise de conteúdo passa por três fases: pré-análise (organização e sistematização das ideias iniciais que guiará as operações seguintes); exploração do material (é uma fase que, tendo as operações da pré-análise sido desenvolvidas de forma correta, decorre quase que mecanicamente, na qual se codificam os dados); e tratamento dos resultados, inferência e interpretação “os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos” (BARDIN, 1977, p. 101).
4. Discussão dos Resultados
Na sequência encontra-se uma breve apresentação dos participantes deste estudo:
A1: Professora de Educação Física da creche e anos iniciais, 23 anos, formada há dois anos, atuando na escola há um ano e cinco meses.
A2: Professora de artes dos anos iniciais e ensino médio, 34 anos, formada há oito anos, atuando na escola há três anos e oito meses.
A3: Professora do 2º ano das séries iniciais, 32 anos, formada há doze anos, atuando na escola há seis anos e dez meses.
A4: Professora do 1º ano das séries iniciais, 29 anos, formada há oito anos, atuando na escola há cinco e dois meses.
A análise de conteúdo dos assuntos abordados ao longo das entrevistas revelou quatro categorias temáticas, que serão discutidas a seguir.
4.1 A importância da psicomotricidade
A psicomotricidade atua no desenvolvimento global da criança, ajuda a conhecer seu corpo, a relação entre suas partes, a conhecer, a valorizar, e a respeitar o seu corpo e também o corpo do colega. Ao abordar o tema a importância da psicomotricidade, junto ao participante A1 tem-se o seguinte relato:
A1: [...] por que quando eles estão fazendo um movimento, eles estão em contato com o colega, então eles demonstram se eles estão alegres, se eles estão nervosos, eles demonstram ali o seu mental, o seu psicológico, às vezes eles, lá fora passaram por um problema antes de vir pra escola, às vezes lá na hora do jogo, lá na hora do contato físico lá eles vão demonstrar o seu afetivo, seu emocional.
Assim, a partir da fala da entrevistada, pode-se perceber que a criança expressa através do movimento os sentimentos e emoções que estão presentes naquele momento. Por meio das citações abaixo e entre várias outras, percebeu-se por meio dos relatos dos entrevistados que os jogos e as brincadeiras devem e precisam ocupar um lugar de destaque nas escolas desde a Educação Infantil.
A1: É muito importante por que é a partir dali que a criança começa tudo né. Ela tem que aprender tanto seus aspectos motores, físicos, mental, psicológico, então é ali que começa, na base, então seria indispensável aprender a psicomotricidade nessa fase.
A2: É muito importante, pois desperta no aluno a vontade de criar, se demonstrar sentimentos, e acima de tudo auxilia na formação corporal e psicológica da criança.
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial. (NEGRINE, 1995, p. 15).
A3: É fundamental na formação e estruturação do esquema corporal e incentiva a pratica dos movimentos na vida de uma criança [...].
“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação com o meio e de suas próprias realizações” (FONSECA, 2004, p.19). Diante desta visão, podemos entender que a psicomotricidade desempenha papel fundamental, pois o movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o conhecimento de mundo que a rodeia através de seu corpo, de suas percepções e sensações.
4.2 Formas de incluir a psicomotricidade das atividades escolares.
De acordo com Assunção e Coelho (1997) a psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem.
As principais atividades relatadas pelos entrevistados foram: esquema corporal, lateralidade, organização espacial, estruturação temporal, brincadeiras lúdicas, desenhos, pinturas, etc. Conforme seguem os relatos:
A1: [...] “meu” tem tantas. Tem a coordenação, lateralidade. Passar no bambolê, pé direito, pé esquerdo, equilíbrio, passar pela corda, encima de uma corda, entre outras.
A3: [...] através das atividades as crianças se divertem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem através do desenvolvimento motor, afetivo e psicológico.
A4: [...] nos jogos, brincadeiras, músicas, cantigas de roda, teatro com mímicas.
Segundo Morais (2002) quando a lateralidade de uma criança não está bem estabelecida, a mesma demonstra problemas de ordem espacial, não percebe a diferença entre seu lado dominante e o outro, não aprende a utilizar corretamente os termos direita e esquerda, apresenta dificuldade em seguir a direção gráfica da leitura e da escrita, não consegue reconhecer a ordem em um quadro, entre outros transtornos.
Podemos perceber por meio dos relatos subsequentes, a importância de se trabalhar a literalidade nas crianças e a relação da mesma com o seu desempenho e aprendizagem em sala de aula.
A1: [...] quem já tem um equilíbrio, uma lateralidade bem desenvolvida eles fazem qualquer atividade sem dificuldade, e quem não tem esses aspectos bem definidos ainda, eles tem bastante dificuldade, até na sala de aula da pra ver a dificuldade que eles têm se eles não têm essas coordenações definidas.
A2: Eles criam mais, se soltam mais nas atividades, tem maior coordenação na hora de fazer um desenho e/ou também uma pintura. Tudo muda quando a psicomotricidade está presente no plano do professor.
Por tanto, percebeu-se por meio das respostas dos participantes que os jogos e as brincadeiras devem e precisam ocupar um lugar de destaque nas escolas desde a Educação Infantil.
4.3 Aprendendo através da ludicidade
Segundo Luckesi (1994), a atividade lúdica ajuda a desenvolver a capacidade criativa da criança, atuando como uma atividade orgânica e ao mesmo tempo prazerosa para a criança, já que a brincadeira proporciona uma melhor qualidade da vida escolar. Auxiliando na auto realização e ao mesmo tempo na interação com o grupo social que a cerca. Para ele, a prática de brincadeiras é um dos mais eficazes instrumentos que permitem a interação do interior da criança com o mundo exterior. Por isso, ao estudar a importância das atividades lúdicas enquanto contribuição da psicomotricidade para o processo de ensino-aprendizagem destaca-se a relevância desta pratica para a criança, tornando-a um ser mais harmônico com o meio social.
Em relação à importância da ludicidade a entrevistada A1 fez a seguinte afirmação:
A1: Eu incluo e até as minhas abordagens são voltadas nessas estratégias, através de atividades recreativas e lúdicas, pois eu acredito que a criança brincando é que vai aprender, vai aprender com mais facilidade.
A brincadeira é uma necessidade para a criança, que favorece a passagem do período sensório-motor ao lógico concreto. Por meio da brincadeira a criança começa de forma gradativa a operar mentalmente, formando categorias conceituais e relações lógicas, a partir dos símbolos e representações individuais (BARRETO, 2000).
A3: Nos trabalhos do cotidiano escolar, desenvolvo jogos e brincadeiras dinamizando como atividades lúdicas em sala de aula.
Vygotski (1988) discute o papel do brinquedo, referindo-se especialmente à brincadeira como “faz-de-conta”, como brincar de casinha, escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. O comportamento das crianças pequenas é fortemente determinado pelas características das situações concretas em que elas se encontram. Numa situação imaginaria como a da brincadeira de “faz-de-conta”, a criança é levada a agir num mundo imaginário onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais concretamente presentes.
A brincadeira se constitui em um exemplo de atividade no qual a criança poderia ser vista como se estivesse num mundo só seu. Conforme Lopes (2001), “o jogo e o exercício é a preparação para a vida adulta, a criança aprende brincando e é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”.
Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.
A3: Percebo que através das atividades desenvolvidas a criança toma consciência do se corpo e de expressar-se através dele, localizando-se no tempo e espaço.
Destaca-se também a importância do educador na realização dessas atividades:
A4: [...] o professor tem o papel de atuar como medidor das crianças facilitando vários momentos de ludicidade no grupo onde ela está inserida, construindo assim a sua identidade.
A2: [...] mas é o professor que planeja atividades que contemplam observação, jogos, brincadeiras, passeios, desenhos, teatros, mímicos e outras atividades que enriquecem o desenvolvimento psicomotor e intelectual das crianças.
Segundo Santos (2002, p 37) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse processo.
Para Winnicott (1966), a brincadeira permite a associação livre de ideias, pensamentos, impulsos, sensações sem conexão aparente e emersão de ideias. Para ele, com base no brincar, se desenvolve a comunicação e se constrói a totalidade da existência experiencial do homem.
Compreende-se assim através dos relatos que a coordenação psicomotora e a ludicidade são fatores ou elementos que estão diretamente ligadas à expressão do corpo, porque todo movimento tem uma conotação psicológica de sensações. Através do brincar podem ser expressos sentimentos, assim como um estado emocional pode ser percebido através dos gestos da criança.
4.4 A psicomotricidade no plano de ensino escolar.
Por acreditar que a psicomotricidade auxilia e capacita o aluno para uma melhor assimilação das aprendizagens escolares, se fez necessário aproveitar deste recurso. Considerando que um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas das capacidades básicas para obter bom desempenho escolar, a psicomotricidade se utiliza o movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas, como intelectuais.(OLIVEIRA, 1997).
Durante o processo das entrevistas com os participantes, pode-se perceber através dos relatos que existe pouca oferta de cursos que capacitem e que orientem especificadamente sobre a psicomotricidade, pelo menos que seja do conhecimento dos participantes deste estudo.
A2: Bom. Bem sincera, não temos no planejamento em sim a palavra propriamente dita “psicomotricidade” o que temos são atividades lúdicas, isso sim. Mas também é cada professor quem cria sua aula, mas pelo que conheço no plano da rede pouco se fala em atividades de psicomotricidade, é mais lúdica mesmo. [...] então vai da criatividade do professor em se ater a essa parte e inclui-la no seu plano.
A1: [...] na escola assim especifico não tem tema que são conversados com os alunos mais é o que o professor de educação física trabalha nas aulas.
Percebe-se também que é durante a graduação destes professores, que se destaca bastante o assunto com os acadêmicos.
A3: Na graduação, pós-graduação, foi enfatizado muito a importância da psicomotricidade e de deixar as crianças brincarem.
A2: Na graduação sim, tive muito.
A1: Na minha graduação eu tive uma disciplina especifica, e tudo na verdade que nós trabalhamos na faculdade é voltado a psicomotricidade, quando se fala em criança né [...].
Entende-se através dos relatos obtidos que conteúdos relacionados a psicomotricidade, assim como a ludicidade estão presentes no momento da graduação, porém, nem sempre são contemplados na prática pedagógica diária. Segundo relatos dos entrevistados, na graduação eles possuem disciplinas especificas com ênfase no assunto ludicidade e brincadeiras, porém com a falta de cursos específicos na área após a formação, as atividades se tornam monotonas e repetitivas, o que no momento da prática torna necessária e indispensável sua revitalização constante por meio de cursos de aperfeiçoamento.
5. Considerações Finais
Enfatizando a importância da psicomotricidade e da ludicidade na vida escolar, percebeu-se que uma criança que não conhece a si mesmo e que não descobriu o mundo que a cerca poderá não conseguir também relacionar a sua educação escolar com a realidade cotidiana.
A partir de pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas com educadores, chega-se a conclusão que a psicomotricidade é um elemento fundamental para ser trabalhado desde os primeiros anos de vida da criança, e que a mesma está presente nas escolas, mas que não possui o grande destaque que deveria, assim como não está sendo devidamente estimulada pela escola aos educadores e dos educadores aos alunos.
A partir dos relatos obtidos entende-se que propor atividades que instiguem a todos ao movimento corporal no processo de aprendizagem, poderá além de instrumentalizar os educandos, também auxiliar o profissional da educação a ter ainda mais consciência sobre o assunto psicomotricidade e sua importância no âmbito escolar.
Acredita-se a partir dos relatos desta pesquisa e das leituras feitas a cerca do assunto, que muitos dos problemas ou dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de questões de psicomotricidade, assim, supõe-se a partir deste estudo que se esse conteúdo for trabalhado, estimulado e altamente priorizado na educação, muitos dos problemas de alfabetização nas séries iniciais seriam amenizados. Mas para isso é necessário incentivo mediante cursos de formação profissionalizantes, bem como, disponibilidade e dedicação por parte do professor.
Há evidências a partir deste estudo de que crianças trabalhadas em seu esquema e imagem corporal, lateralidade, entre outras, apresentam melhoras e diferenças significativas no seu desenvolvimento e aprendizado escolar.Quanto à questão ludicidade levantada nas entrevistas, percebe-se através dos relatos, que a mesma contribui para a aprendizagem da criança, assim como possibilita ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas. A criança aprende através da atividade lúdica e através do brincar, ela se relaciona. Autores citados no referencial teórico deste estudo trazem a tona a influencia do brinquedo no desenvolvimento da criança, assim entende-se que é no brinquedo que ela aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações.
No momento em que a criança brinca, ela cria, ela vive aquele momento. Assim como foi ressaltado em entrevista, a criança traz no momento dos jogos, do brincar, situações pessoais, assim como seus sentimentos. Então acredita-se que a psicomotricidade e a ludicidade estão interligadas ao desenvolvimento tanto corporal quando emocional da criança, sendo ambas indispensáveis no processo de aprendizagem. Sendo assim, evidencia-se a necessidade de haver mais pesquisas sobre o assunto, por ser um tema amplo e de grande importância na aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
EDUCAÇÃO INFANTIL NÃO É BRINCADEIRA
A Educação Infantil faz parte, hoje, da vida acadêmica dos alunos. infelizmente, muitos pais e, até profissionais da educação não se alertaram sobre.
Educação Infantil não é Brincadeira |
A importância do "brincar" para o aprendizados dos alunos, nesta fase acadêmica, é muito mais importante do que se possa imaginar.
Segundo Vygotsky, é através da interação com o meio que a criança se desenvolve, ou seja, com a sua convivência com outras crianças, locais, sociedade e, principalmente, no ambiente educacional.
As brincadeiras propostas e realizadas na educação infantil tem seus objetivos para se desenvolver cada habilidade cognitiva, motora, sensorial e social da criança.
Com isso, deve-se estar atento para o planejamento das aulas, com as atividades lúdicas voltadas para as idades certas.
A educação infantil não é brincadeira. É sério. É nessa etapa que a criança possui mais facilidade em construir seu aprendizado, valores, posicionamentos e seu caráter.
Vale lembrar que, a Instituição Educacional promove a educação conteudista, ou seja, os conteúdos acadêmicos direcionados para cada etapa da criança. A educação vem dos pais ou responsáveis.
Por isso, tanto os pais/ responsáveis devem entender que a criança na Educação Infantil não usa seu teu tempo para brincadeiras sem fins de aprendizados.
Com isso, o papel da Instituição de Ensino é promover reuniões para acabar com o mito "a criança só fica na escola brincando."
Como professora e Coordenadora da área de Educação Infantil, tenho consciência de quão grande é a importância do lúdico para o desenvolvimentos dos meus alunos.
Através das brincadeiras, os alunos aprendem ler, reconhecer os números, escrever, identificar placas, valores, sociabilidade, dentre, inúmeras áreas elas, as crianças, descobrem brincando.
Sempre que escrevo, falo de minha prática pedagógica, pois, se você tem consciência da importância da Educação Infantil, com certeza, sabe que ela não é Brincadeira.
Escrito por: Renata Calasans - amoaeducacaoinfantil
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